06 mar Historia sobre Tsedaká
“Tzedaka umishpat – justiça e juizo”
Certa vez havia um judeu abastado que costumava dizer: “eu darei Tzedaka só para pobres que perderam qualquer esperança de se reerguer na vida”. Quando um pobre pedia a sua ajuda ele o indagava se ele já perdeu a esperança, geralmente o pobre dizia que ele espera ter um futuro melhor e o rico se via isento de ajudá-lo. Raras eram as vezes que ele achava alguem que “merece” receber Tzedaká. Certa dia nosso judeu andava pelas ruas e viu alguém numa situação tão miserável que ele já lhe ofereceu uma moeda dizendo: “Você com certeza não tem mais esperança na vida”. Então o pobre homem retrucou: “Eu tenho muito a que esperar. Mas você, irmão judeu, me parece totalmente perdido”. O rico assustou-se com a ousadia e perguntou: “Eu estou lhe oferecendo ajuda, por que estás me amaldiçoando?” O pobre respondeu-lhe que ele certamente tem esperança, como diz o Salmos(1) sobre D-us: “Aquele que levanta o pobre do pó, e da degradação ergue o miserável”. O rico perguntou então, quem o pobre achava perdido de verdade, e este então respondeu que enquanto há vida, há esperança. “Só os mortos não tem mais esperança”.
O insistente rico decidiu então a doar Tzedaká aos mortos que já não tem mais esperança. Logo em seguida foi ao cemitério e enterrou um valor significante para ajudar os mortos… Passaram-se vários anos, o ciclo da sorte girou e o rico se tornou um pobre miserável. Na miséria ele se consolava com as palavras do Salmo que promete salvação aos miseráveis, e pensando nisso ele se lembrou também de que uma vez ele enterrou um valor significante no cemitério e decidiu procurar o seu dinheiro. Antes de conseguir encontrar o dinheiro, o guarda do cemitério o prendeu e ele foi julgado por tentar prejudicar os túmulos. O pobre-rico contou ao juiz toda a hisória e implorou por permissão para retirar o “seu dinheiro” que ele tinha deixado para os mortos. O juiz o escutou atenciosamente e depois disse: “Eu sou aquele pobre que você quis ajudar. Veja quão mais confiável é a esperança de que os bens financeiros. Nunca deve-se largar a esperança, e sobre o dinheiro, nunca deve-se considerá-lo como uma garantia do futuro”. O juiz deixou o pobre tirar o seu dinheiro do cemitério e lhe disse: “A sua antiga forma de dar Tzedaká estava errada. Um judeu deve dar Tzedaká acompanhado de juízo. Quem dá Tzedaká deve se perguntar: Por que eu tenho e o outro não tem? Por que eu sou aquele que precisa dar e não aquele que precisa receber? Deve reconhecer que a situação poderia ser completamente invertida. Aquele que dá deve saber que ele está recebendo muito mais do que o valor que está sendo doado”. O pobre achou o seu dinheiro enterrado e conseguiu reerguer-se. Mas desta vez ele dava Tzedaká da forma judaica de dar.
FONTE: SICHOT LA’NOAR VOL. 7 PAG. 935
(1) Salmos 113;7
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