“Respeite o pai e a mãe”

“Respeite o pai e a mãe”

“Respeite o pai e a mãe”

Este mandamento é um dos dez que estavam gravados nas Tábuas da Lei que D’us entregou a Moisés no Monte Sinai. Ele faz parte de uma série de cinco mandamentos que definem a forma como toda pessoa deve cuidar de seus pais. 1. Não amaldiçoar aos pais. 2. Não ferir os pais. 3. Respeitar os pais. 4. Temer os pais. 5. Não desobedecer os pais[1].

Um dos argumentos para esta conduta está no Talmud: “Três sócios participam na criação do homem: o Eterno D’us, o pai e a mãe. Quando o homem respeita seu pai e sua mãe, D’us considera como se caso Ele fosse residir entre os homens (i.e. ser visível a eles), eles O iriam respeitar por tê-los criado[2]”. Assim a submissão humana aos próprios pais, reflete a virtude da gratidão, do reconhecimento, da honra e da submissão a D’us. Em contraposição, a falta em cumprir isto, reflete como se estivesse agindo contra o próprio Criador.

Alguns detalhes práticos destas leis: não ocupar o assento fixo dos pais; não manifestar opinião contrária a deles; não chamar os pais pelo nome inclusive após o falecimento (salvo quando necessário); se ocupar em alimentar, vestir e acomodar os pais – no caso dos pais serem pobres e o filho ter condições de sustentá-los – ele não pode se omitir desta obrigação; levantar-se diante deles ao entrarem no recinto.

O Talmud [3] relata alguns casos de extrema submissão aos pais como uma conduta exemplar. Seguem alguns destes relatos:

Na cidade de Ashkelon vivia um riquíssimo homem gentio chamado Dama Ben Netina. Certa vez perdeu-se “Yashfe[4]” – uma das pedras preciosas usadas no Templo (o Sumo-Sacerdote carregava doze pedras que eram cravadas numa jóia especial chamada “Choshen Hamishpat”). Os judeus vieram ao encontro de Dama pois sabiam que ele disponha de uma destas pedras. Ao chegarem, Dama recusou-se a vender e por mais que eles oferecessem um preço maior ele se negava de vender, alegando que as chaves do cofre estão com o seu pai – que estava dormindo naquele momento e ao qual ele jamais perturbaria. Mais tarde Dama lhes trouxe a pedra desejada. Quando lhe ofereceram o valor maior ele se recusou a receber dizendo: “Jamais venderei o mérito de ter respeitado o meu pai” e aceitou apenas o valor inicial.

Em outro momento o mesmo Dama sentava entre os demais governantes romanos vestido com roupas nobres e adornado com jóias de ouro quando a sua mãe que enlouqueceu entrou e lhe agrediu rasgando a sua roupa e xingando-o diante de todas as autoridades presentes. Dama ficou calado e apesar do vexame que lhe foi causado não reagiu, para não faltar com respeito à sua mãe.

Outra parte do Talmud[3] diz: ”Existe quem alimenta o seu pai alimentos nobres e apesar disto acaba indo ao purgatório, enquanto há quem faz seu pai trabalhar arduamente girando a pedra do moinho e acaba indo ao paraíso”. Como assim? Um homem rico alimentava o seu pai com aves gordas. Uma vez o pai lhe indagou sobre a origem de toda esta riqueza ao qual o filho retrucou: ‘pai, coma e fique calado assim como os cães se calam quando comem’. Desta forma, por mais que o pai receba bons mantimentos, o filho faltou com o devido respeito.

E como aquele que fez seu pai trabalhar arduamente foi parar no paraíso? Certa vez um homem pobre que sustentava sua família e seus pais trabalhando num moinho, recebeu uma convocação do Rei para fazer um trabalho no moinho real (um serviço imposto), o pobre homem disse a seu pai: ‘Pai, ao em vez de te convocarem para o serviço do rei, tu ficas aqui no nosso moinho e eu vou ao serviço do Rei. Assim, caso ocorra ali algum insulto, tu serás poupado. Se ocorrer um castigo corporal, tu serás poupado’. Este homem fez seu pai trabalhar mas mereceu lograr uma porção no paraíso.

Durante um debate no Knesset sobre a lei civil das obrigações do filho menor (em 09 de outubro de 1962[5]) o parlamentar Dr. Zerach Verhaftig da comissão legisladora mencionou um anedota do shteitel: ”Certa vez uma congregação judaica decidiu incluir em seus estatutos os Dez Mandamentos, quando questionados por que motivo acharam necessário inclui-los no estatuto, eles responderam: ‘Aquilo que está na Torá as pessoas acabam burlando, quem sabe ao ser incluído no estatuto comunitário, as pessoas irão voltar a praticar estas leis….”, se vocês pretendem sancionar uma lei que reforça a prática deste respeito, eu aceito. Mas se o assunto ficar na recomendação, qual é a vantagem de reproduzir uma lei eterna da Torá numa lei civil que é passageira?!”

Anos depois foi publicado um artigo pelo Dr. I. Gilat (no informativo[6] do Dep. de Direito Judaico do Ministério da Justiça Israelense). Dr. Gilat apresenta as diferenças entre a lei civil que exige obediência do menor dependente aos pais ou seus substitutos, e a lei da Torá que é muito mais exigente nesta questão. Segundo a Torá, diz Gilat – a submissão aos pais vale a vida toda, não somente na infância. A obediência é geral, independente de ela gerar bem estar ao menor ou seguir uma lógica padronizada. Em algumas situações extremas o filho deve poupar seus pais de viver de esmolas, mesmo que para isto os seus próprios filhos irão precisar trabalhar em vez de estudar[7]. Em geral quem cumpre esta lei, faz isso (de forma subjetiva) como parte de seu relacionamento com D’us diferente da lei civil que segue um padrão objetivo de reciprocidade egocêntrica.

Fontes: Maimonides, Wikipedia, www.daat.co.il.

[1] Maimonides, Leis de Mamrim cap. 6,

[2] Tratado Kidushin 30b

[3] Bavli Kidushin 30a e Yerushalmi Kidushin cap. 1:7

[4] Identificada por alguns como “Jasper”.

[5] http://www.daat.ac.il/encyclopedia/value.asp?id1=220

[6] Informativo num. 142, Shavuot de 2003.

[7] Acredito que a mensagem que este jovem recebe ao ser mantido nos estudos enquanto seu avô depende de esmolas é extremamente anti-educativa e imoral.

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