“Os milagres de Pessach”

“Os milagres de Pessach”

“Os milagres de Pessach”
Na última edição desta publicação havia um artigo que debate a possibilidade das dez pragas terem sido episódios naturais, isso me fez lembrar de uma história de Rabi Israel Ba’al Shem Tov, a qual quero compartilhar com os leitores:
Um judeu veio ao Ba’al Shem Tov com o seguinte relato pedindo explicação: Ele nasceu na Espanha sob o domínio da inquisição e praticava o judaísmo clandestinamente. Em algum momento, ele foi descoberto pela inquisição, julgado e condenado a pena de morte no fogueira do “Auto da Fé”. Ao ser levado a fogueira, ocorreu um tremendo terremoto e ele conseguiu se soltar dos guardas e sumir entre a multidão apavorada e em seguida fugiu da Espanha são e salvo. Ele tinha uma dúvida que não lhe dava sossego: será que o terremoto que o salvou já estava previsto desde a criação do mundo, ou o terremoto foi um episódio sobrenatural destinado exclusivamente para lhe salvar?!
A pergunta o perturbava tanto, que ele viajava pelas comunidades judaicas consultando os sábios que encontrava em cada lugar, porém ninguém conseguia lhe dar uma resposta clara e defnitiva. Ninguém sabia afirmar se o terremoto “estava escrito” ou não. Assim, este sobrevivente chegou até Mezibouzh para consultar o conhecido líder judaico Rabi Israel Ba’al Shem Tov. O Ba’al Shem Tov lhe disse[1]: “Mesmo que o tal teremoto fosse apenas um episódio natural, se tu fosse levado a fogueira alguns minutos antes ou alguns minutos depois, nada te ajudaria o terremoto. A conjuntura do terremoto no extao momento no qual tu conseguiste escapar vivo, este já é o maior e mas transparente milagre feito exclusivamente para ti”.
Da mesma maneira, podemos dizer sobre as pragas do Egito. A Torá descreve como Moisés adverte o Faraó antes de cada praga. Como ele ora para D’us e a praga se extingue (para isto aliás, ainda não vi uma explicação científica). Não faz sentido que justo os escravos espalhados por toda parte do Egito, consigam não ser afetados pelas pragas e ainda escapar. Quando faltam mantimentos, saúde ou segurança, quem seria agredido antes seria o mais frágil – o escravo, neste caso – e não os patrões. E para finalizar, para que todo este povo esteja no exato momento da abertura do mar, além de saírem ilesos, enquanto seus algozes sucumbem nas profundezas, isto por si já é um milagre tão poderoso quanto quebrar as regras da natureza.
Sobre a abretura do mar, Rabi Chaim Bem Atar (que vivia na época do Ba’al Shem Tov, no norte da África e depois em Israel), escreve[2] que a abertura do mar incluiu três milagres em sequência: primeiro o mar se abriu diante dos israelitas criando uma crosta dos dois lados da passagem. Em seguida, as águas profundas a sua frente também encrustaram, para que eles não precisassem descer ao fundo e depois subir (ou seja, eles caminharam numa reta ao meio de uma água imobilizada), e logo as águas das ondas que poderiam transbordar sobre as “paredes” da passagem, encrustavam e não inundavam os israelitas. Rabi Chaim diz que a água ficou parada como um muro para ninguém pensar que Moisés simplesmente “sabia a hora que o mar iria se abrir”, pois para a água ficar de pé, é um milagre absolute, uma vez que a natureza da água é de correr para baixo e esta natureza foi modificada naquele momento.
Neste ano deve-se comemorar os “Seder de Pessach” nas noites de 3 e 4 de abril. A principal Mitzvá do dia é contar e debater os milagres da saída do Egito; meditar em grupo o que éramos em relação aos demais no passado remoto e quem somos hoje, graças ao favor de D’us. Além disto é uma mitzvá comer matzá, assim como maror (ervas amargas) no Seder.

[1] Há uma versão onde o Ba’al Shem Tov direcionou ele a um aluno que lhe deu esta resposta.
[2] Or Hachaim, Beshalach pag. 27

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